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Dia destes estava conversando com uma amiga que mora na Suíça sobre a ditadura do corpo perfeito sob a qual vivemos aqui no Brasil. Os Suíços não conseguem entender como alguém se coloca em risco fazendo uma cirurgia desnecessária para remover gordura abdominal. Estou falando da popularmente conhecida: LIPOASPIRAÇÃO. Mas infelizmente nós brasileiros, de maneira contrária aos suíços, não conseguimos compreender como alguém que carrega aquele pneu avantajado não vá recorrer urgentemente a ela. E alguns muitas e muitas vezes.
Se você parar um pouco para pensar recebemos uma anestesia, nos internamos em um hospital para que o médico aspire a odiada gordura corporal e depois gememos de dor por semanas. Usamos uma cinta mega justa por meses. E tudo isto para ficar um pouco menos insatisfeitas com nosso corpo. Por que vamos combinar que com a mídia, os famosos “photoshopados”, e com nossas garotas de inpanemas andando pelas praias, nunca estaremos dentro do padrão perfeito.
Não, eu não me submeti a uma lipo. Ainda! Mas 5 em cada 10 amigas já. E isto é de fato assustador. Meninas com vinte e poucos anos, sem nunca terem tido filhos entraram na faca por não aceitarem sua imagem no espelho. O que antes era exceção virou regra. E como ser feliz, sendo nós mesmas, em um país onde envelhecer é pecado?
Não há mal nenhum em desejar ficar mais bonita e perseguir isto. Inclusive com plástica caso seja preciso. As vezes uma pequena correção pode causar um enorme bem estar e um grande aumento da auto-estima. Até mesmo as plásticas corporais são bem vindas em muitos casos e trazem consigo benefícios psicológicos muito superiores aos riscos e dores. Mas lançar mão deste artificio como se fosse uma nova dieta, não é nada saudável. Nem física, nem emocionalmente falando.
O que me assusta é a banalização de cirurgias e a implacável cobrança por padrões cada vez mais exigentes. E fica difícil viver na terra do biquíni e permanecer ilesa. Tive um bebe de mais de 4 kilos no inicio do ano, e toda vez que entro em uma loja de roupas quase peço desculpas a vendedora por pedir uma peça G. Sempre me surpreendo, inconscientemente, com discursos explicativos sobre o parto que acabei de fazer. Como se quisesse dizer: estou acima do peso mais já fui magra e isto vai passar me desculpe.
Chega a ser ridículo mas o fato é toda e qualquer pessoa acima do peso é tida como preguiçosa, relaxada e acomodada. “Vocês viram fulana? Está tão gorda! Muito descuidada”. “E beltrana tão nova e já com aquela barriga”.
Mulheres famosas fazem uma cesárea e no mês seguinte aparecem com barrigas chapadas. Conhecemos todos os truques mas ainda assim nos cobramos para que em pouco tempo voltemos a forma de antes.
Depois de anos como magrela sinto na pele o que é estar com gorduras localizadas coladas ao corpo há alguns meses. E a sensação de inadequação é enorme. O primeiro impulso é o correr para a sala de um cirurgião plástico ou fazer a mala e se mudar para Suíça. Nem uma coisa nem outra. Por hora, penso que as estrias que ganhei tem nome e sobrenome (escutei isto na sala do dermatologista hoje e achei o máximo) e vieram após o nascimento de um bebe lindo. Sigo cuidando da beleza e da saúde devagar e sempre. Tentando afastar a neurose e a ansiedade de entrar no biquini na semana seguinte.
Meninas vamos trabalhar os glúteos mas sem esquecer de trabalhar o cérebro. Mais dia menos dia a bunda vai ficar caída e se o conteúdo for vazio o futuro será muito menos interessante. É bem verdade que alguns homens só se preocupam com a embalagem. Mas estou certa que não este tipo que te interessa.